quarta-feira, 11 de março de 2015

‘Pais erram ao oferecer papinha para os filhos’, diz pediatra espanhol

Queridos, vale a pena ler e refletir e quem sabe mudar alguns pensamentos que nos foram passados.
Papinhas trituradas, pastosas ou pedaços?
Paula Silveira


Uma das maiores preocupações dos pais é se o filho está comendo direito. Se come verduras, legumes, além, é claro, do tradicional arroz e feijão acompanhado de uma carne. Muitos pais fazem ‘aviãozinhos’, oferecem ‘recompensas’ se a cria ‘raspar o prato’ ou ainda a deixa comer na frente da TV com a intenção de distraí-la para tentar fazer o filho comer algumas colheradas a mais.

O pediatra espanhol Carlos Gonzalez, autor de vários livros e fundador da Associação Catalã de Amamentação, explica que estamos fazendo tudo errado. O erro, explica o médico, começa quando trituramos as comidas para dar em formato de papinhas na introdução alimentar dos bebês. Segundo ele, há crianças que chegam aos dois anos sem saber mastigar ou que têm ânsia pois não sabe lidar com pedaços sólidos de comida. Uma das alternativas é o BLW (Baby-led Weaning, ou em tradução livre o desmame que o bebê lidera).



Para Gonzalez, a criança deve comer sozinha e experimentar os pedaços de comida que são ofertados. “A criança está aprendendo o que é importante ela levar a boca, mastigar, distinguir os sabores”, diz. As crianças comem pouco, ou seja, não adianta esperar que ela coma um prato de adulto por isso a importância de ser dada a comida em pequenas porções.

O pediatra diz que não existe nenhuma criança que “come de tudo” pois também não existe nenhum adulto que “come tudo.” “Assim como os adultos, eles vão comer o que gostam. Nós, adultos, já fazemos essa seleção do que gostamos ou não ao ir ao mercado fazer as compras. Selecionamos o que gostamos e não e nossos filhos podem ter gostos diferentes dos nossos”, explica.

Gonzalez ressalta que não adianta nos preocuparmos apenas com a alimentação que daremos nos primeiros meses de vida e deixar que as crianças aos dois anos comam doces, refrigerantes e batatas fritas industrializadas. Para ele, a preocupação dos pais deve ser não só com o que o filho come nos primeiros anos de vida, mas o que vai comer pelos próximos 30, 60 anos.

O pediatra ressalta que os médicos não deveriam ensinar os pais como preparar as papinhas de legumes, mas como fazer um cardápio saudável para a família toda.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Querida mamãe

Esse é um texto lindo que fala sobre o bebê acordar à noite e as situações da relação mãe e bebê nesse momento de descanso para um e novas experiências para outro.
Aproveitem!
Paula Silveira


Querida mamãe,
Esta noite acordei estranhando o silêncio. Não havia barulho algum e pensei que o mundo tinha até acabado e você esquecido de mim. Coloquei a boca no trombone e você apareceu. Ainda bem. Fiquei tão feliz no calor do seu peito que acabei pegando no sono antes de mamar tudo o que precisava. Quando percebi que você ia me colocar no berço, chorei de novo. Mas não tente negar, você estava com pressa para ir dormir outra vez.
Você me deu de mamar novamente, assim, meio apressadinha e depois resolveu trocar a minha fralda. Estava tudo calmo, um silêncio, nós dois juntinhos, tão legal que eu perdi o sono. Você até que foi compreensiva, mas começou a bocejar um pouco e resolveu me fazer dormir. Eu não queria dormir. Talvez precisasse de mais dez minutos ou meia hora, mas você estava mesmo decidida a dormir. Foi ficando bem nervosa e até chamou o papai. Eu não queria o papai e todos fomos ficando muito irritados.
No final das contas, acordei a casa inteira cinco vezes. Pela manhã, nossa família estava com cara de quem saiu do baile. Acho que estraguei tudo. Imagina, você que chegou a dizer para o papai que eu estou com problema de sono. Eu não! Você é que vem me dar de mamar com pressa e daí eu sinto que você não quer ficar mais comigo.
Os adultos têm hora certa para tudo, mas eu ainda não entendi essas coisas de relógio e tarefas estafantes que vocês precisam fazer. Quando meu corpo está com o seu, quero ficar do seu lado sem me separar nunquinha. Do alto dos meus 3 meses, ainda não descobri direito que você é uma pessoa e eu sou outra. Um dia eu vou sair por aí, vou telefonar e posso deixá-la doida para saber o que anda fazendo e, então, você vai entender como me sinto agora. Mas não precisamos dessa guerra, mamãe.
Até lá, já podemos nos entender, inclusive através das palavras. Sinto a angústia da separação, pois acabei de passar por essa experiência. Você também, mas vive tudo isso como uma adulta consciente. Eu ainda estou vivendo no inconsciente. Eu não sei andam tudo é tão novo pra mim aqui fora. Mas eu tenho absoluta certeza de que vou aprender tudinho o que você me ensinar através dos seus sentimentos em relação a mim.
Mamãe, você quer um conselho de bebê? Quando eu chorar à noite, não salte logo para o meu quarto desesperada, como se o mundo fosse acabar.
Espere um pouco, respire profundamente, ouça o meu choro até que ele atinja o seu coração. Sinta seu tempo, realmente acorde e venha me pegar. Me abrace devagar, não acenda a luz, fale bem baixinho e me dê o seu peito para eu mamar. Depois que eu arrotar, mais um pouco só de paciência, pois, nós bebês, somos sensíveis aos sentimentos dos adultos. Se eu sentir que você está com pressa, sou capaz de armar o maior barraco, mas se você esperar até o meu segundo suspiro, quando meus olhos ficam bem fechados, minhas mãos e pernas bem molenguinhas, aí sim você pode me colocar no berço que eu não acordo antes de sentir fome outra vez. À medida que você desenvolver sua paciência, mamãe, eu estarei desenvolvendo minha tranquilidade e nós não teremos mais noites desagradáveis. Apenas noites de mamãe e bebê, que um dia passam, como tudo na vida.
Sempre seu, gu-gu dá-dá!

Texto de Claudia Rodrigues autora do livro "Mamães mais que Perfeitas"

domingo, 15 de junho de 2014

Mitos que os médicos usam para justificar as cesáreas desnecessárias

Muitas justificativas são dadas pelos obstetras para convencer as gestantes de baixo risco a fazer uma cirurgia cesariana, ao invés de incentivar ao parto normal.
Grande parte das mulheres acreditam nesses mitos e entregam seu corpo a uma cirurgia que, comprovadamente, tem muito mais riscos que o parto normal, tanto para a mãe quanto para o bebê.
Confira, abaixo, uma lista de 51 condições descritas pela obstetra Melania Amorim que, embora muito alegadas pelos médicos, NÃO são indicações de cesariana.
Fique atenta, escolha conscientemente!

Paula Silveira


1. Circular de cordão, uma, duas ou três “voltas” (campeoníssima – essa conta com a cumplicidade dos ultrassonografistas, e o diagnóstico do número de voltas é absolutamente nebuloso)
2. Pressão alta
3. Pressão baixa
4. Bebê que não encaixa antes do trabalho de parto
5. Diagnóstico de desproporção céfalo-pélvica sem sequer a gestante ter entrado em trabalho de parto
6. Bolsa rota (o limite de horas é variável, para vários obstetras basta NÃO estar em trabalho de parto quando a bolsa rompe)
7. “Passou do tempo” (diagnóstico bastante impreciso que envolve aparentemente qualquer idade gestacional a partir de 39 semanas)
8. Trabalho de parto prematuro
9. Grumos no líquido amniótico
10. Hemorróidas
11. HPV
12. Placenta grau III
13. Qualquer grau de placenta
14. Incisura nas artérias uterinas (aliás, pra que doppler em uma gravidez normal?)
15. Aceleração dos batimentos fetais
16. Cálculo renal
17. Dorso à direita




18. Baixa estatura materna
19. Baixo ganho ponderal materno/mãe de baixo peso
20. Obesidade materna
21. Gastroplastia prévia (parece que, em relação ao peso materno, se correr o bicho pega, se ficar o bicho come)
22. Bebê “grande demais”
23. Bebê “pequeno demais”
24. Cesárea anterior
25. Plaquetas baixas
26. Chlamydia, ureaplasma e mycoplasma
27. Problemas oftalmológicos, incluindo miopia e descolamento da retina
28. Edema de membros inferiores/edema generalizado
29. “Falta de dilatação” antes do trabalho de parto
30. Gravidez super-desejada (motivo pelo qual os bebês de proveta aqui no Brasil muito raramente nascem de parto normal)
31. Gravidez não desejada
32. Idade materna “avançada” (limites bastante variáveis, pelo que tenho observado, mas em geral refere-se às mulheres com mais de 35 anos)
33. Adolescência
34. Prolapso de valva mitral




35. Cardiopatia (o melhor parto para as cardiopatas é o vaginal)
36. Diabetes
37. Bacia “muito estreita”
38. Mioma uterino
39. Parto “prolongado” ou período expulsivo “prolongado” (também os limites são muito imprecisos, dependendo da pressa do obstetra)
40. “Pouco líquido”
41. Artéria umbilical única
42. Ameaça de chuva/temporal na cidade
43. Obstetra (famoso) não sai de casa à noite devido aos riscos da violência no Rio de Janeiro
44. Fratura de cóccix em algum momento da vida
45. Conização prévia do colo uterino
46. Eletrocauterização prévia do colo uterino
47. Varizes na vagina


 48. Constipação (prisão de ventre)
49. Excesso de líquido amniótico
50. Anemia
51. Data provável do parto (DPP) próximo a feriados prolongados e datas festivas

Dica de livro - A Maternidade e o Encontro com a Própria Sombra


Sem exagero, este livro é maravilhoso. Muitas mulheres podem obter ajuda, entendimento e apoio ao lê-lo.
Após o parto as mulheres entram em contato com dores emocionais tão profundas que muitas vezes não sabem da existência delas.
Indicamos!

A Maternidade e o Encontro com a Própria Sombra





Este é um livro escrito para mulheres. Não pretende ser um guia para mães desesperadas. Ao contrário, é uma espécie de “alto lá!” no caminho para que possamos pensar como mães que estão criando seus filhos, com nossas luzes e sombras emergindo e explodindo em nossos vulcões em chamas.

Muitos aspectos ocultos de nossa psique feminina são desvelados e ativados com a chegada dos filhos. Estes momentos são, habitualmente, de revelação e de experiências místicas se estivermos dispostas a vivê-los nesse sentido tais e se encontrarmos ajuda e apoio para enfrentá-los. Também são uma oportunidade de reformularmos as ideias preconcebidas, os preconceitos e os autoritarismos encarnados em opiniões discutíveis sobre a maternidade, a criação dos filhos, a educação, as formas de criar vínculos e a comunicação entre adultos e crianças.

Este livro pretende abordar a experiência vital da maternidade como vibração energética mais do que como pensamento linear.

Trazer as experiências que todas as mulheres atravessam como se fossem únicas, sabendo, ao mesmo tempo, que são compartilhadas com as demais fêmeas humanas e fazem parte de uma rede intangível em permanente movimento. Mesmo sendo muito diferentes umas das outras, as mulheres ingressam em um território onde circula uma afinidade essencial comum a toda mãe. Refiro-me ao encontro com a experiência maternal como arquétipo, em que cada uma se procura e se encontra em um espaço universal, mas buscando também a especificidade individual.

Por meio de diversas situações cotidianas, descreveremos um leque de sensações em que qualquer mulher que se tenha tornado mãe poderá facilmente identificar. Paradoxalmente, o uso da linguagem escrita como ferramenta para transmitir essas experiências pode ser um obstáculo, pois atende a uma estrutura em que vários elementos vão se ordenando para construir um discurso. A abordagem do universo da psique feminina, que pertence a uma construção oculta do ponto de vista de nossa cultura ocidental, então se complica. Nesse sentido, para acessar e compreender este livro, serão muito úteis a intuição ou as sensações espontâneas que nos permitam fluir com o que nos acontece quando percorremos alguma página escolhida ao acaso.

De qualquer maneira, é de se imaginar que ficaremos presas à tentação de discutir calorosamente quais são os pontos em que estamos de acordo ou em profundo desacordo. Embora as discussões que venham a surgir entre as mulheres possam ampliar o pensamento, insisto em tentar uma leitura mais emocional, esperando que tenha ressonância no infinito. Ou seja, captar o conteúdo sensorial, imaginativo ou perceptivo, em vez de aprender ou avaliar os conceitos linearmente. Isso tem a ver com deixar abertas as portas sutis e estar atenta às que vibram com especial candura. Permitamos que aquelas que não nos sirvam sigam seu caminho sem nos distrair.

Suspeito que há vários pontos de partida para a leitura: o mais evidente é a partir do “ser mãe”. Espero, também, que o livro seja interessante para as profissionais de saúde, comunicação ou educação que tenham contato com mães, cada uma esperando, com suas próprias ferramentas intelectuais, obter resultados convincentes no que se refere ao comportamento e ao desenvolvimento das crianças.

Acredito que é possível conservar as duas visões simultaneamente; de fato, muitas de nós somos profissionais no campo das relações humanas e também somos mães de crianças pequenas.

Espero conseguir transmitir a energia que circula nos grupos que funcionam dentro da instituição que dirijo, nos quias as mães se permitem ser elas mesmas, rindo dos preconceitos e dos muros que erguem por medo de ser diferentes ou de não ser amadas. Ali foi gestada a maioria dos conceitos que fui nomeando nestes últimos anos e que, tocados por uma varinha mágica, começaram a existir.

Na Escuela de Capacitación Profesional de Crianza, continuamos inventando palavras para nomear o indefinível, os estados alterados de consciência do puerpério, os campos emocionais em que ingressamos com os bebês, a loucura indefectível e esse permanente não reconhecer mais a si mesma. No intercâmbio criativo, as profissionais tentam encontrar as palavras corretas para nomear o que acontece conosco. Arrependo-me de não ter filmado as aulas ou as entrevistas individuais com as mães que nos consultam, porque esse poder, esse florescer dos sentimentos femininos, raramente pode ser traduzido com exatidão pela palavra escrita. Conto, assim, com a capacidade de cada leitora de se identificar com os relatos, imaginando a essência e sentindo que, definitivamente, todas somos uma.

Por último, convido-as a fazer esta viagem juntas, preservando a liberdade de levar em consideração apenas o que nos seja útil ou possa nos apoiar. Esta é minha maneira de contribuir para gerar mais perguntas, criar espaços de encontro, de intercâmbio, de comunicação e de solidariedade entre as mulheres. Esse é meu mais sincero desejo.

Laura Gutman

Sumário
PREFÁCIO

CAPÍTULO 1
Uma emoção para dois corpos
A fusão emocional • As crianças são seres fusionais • Início da separação
emocional • Por que é importante compreender o fenômeno da
fusão emocional? • O que é a sombra? • Por que é tão árduo criar um
bebê? • As depressões pós-parto existem ou são criadas? • O caso Romina
• A perda de identidade durante o puerpério • Entre o externo e
o interno.

CAPÍTULO 2
O parto
O parto como desestruturação espiritual • Institucionalização do parto • A submissão durante o parto ocidental: rotinas • Reflexões sobre os maus-tratos • A opção de parir cercada de respeito e cuidados • Acompanhar o parto de cada mulher • Existe um lugar absolutamente ideal para parir? • Parto e sexualidade • Recordando meu segundo e terceiro partos.

CAPÍTULO 3
Lactação
Amamentar: uma forma de amar • O encontro com seu eu • O início da lactação • As rotinas que prejudicam a lactação • O bebê que não engorda • O caso Estela • Há mulheres que não têm leite? • Os bebês que dormem muito • O caso Sofia • Algumas reflexões sobre o desmame • Valéria quer desmamar sua filha.

CAPÍTULO 4
Transformar-se em puérpera
Preparação para a maternidade: ao encontro da própria sombra • A relação amorosa no pós-parto • A doula: apoio e companhia • Feminilizar a sexualidade durante o pós-parto.

CAPÍTULO 5
O bebê, a criança e sua mãe fusionada
As necessidades básicas do bebê do nascimento aos 9 meses • O olhar exclusivo • A capacidade de compreensão das crianças pequenas (falar com elas) • Recursos concretos para falar com as crianças • Estrutura emocional e construção do pensamento • Separação emocional e comunicação • Cuidados com as crianças “com problemas” • O caso Norma • O caso Constanza • Cada situação é única.

CAPÍTULO 6
Apoiar e dividir: duas funções do pai
O papel do pai como esteio emocional • Confusão de papéis nos tempos modernos • E quem apoia o pai? • O papel do pai como separador emocional • Outros separadores • O caso Pablo • Manter o lugar do pai mesmo que esteja ausente • Criar os filhos sem pai • As crianças que acordam à noite: a importância da figura paterna • Funções feminina e masculina na família.

CAPÍTULO 7
As doenças infantis como manifestação da realidade emocional da mãe
Materialização da sombra • Uma visão diferente das doenças mais frequentes na primeira infância • Os resfriados e a mucosidade • Asma • O caso Eloísa • Alergias • Infecções • O caso Rodrigo e sua mãe • Problemas digestivos • Comportamentos incômodos: o caso Florencia • O caso Marcos: fusão emocional, música e linguagem.

CAPÍTULO 8
As crianças e o direito à verdade
Verdade exterior • Verdade interior • A busca da própria verdade • A verdade nos momentos difíceis • A verdade nos casos de adoção • O caso Bárbara (dar um novo significado à morte de um ente querido) • O caso Sandra.

CAPÍTULO 9
Os limites e a comunicação
As crianças precisam de mais limites ou de mais comunicação? • Para ouvir o pedido original: acordos e desacordos • O uso do “não”, um recurso pouco eficaz • As crianças tiranas • O tempo real de dedicação exclusiva às crianças • Os “caprichos” quando nasce um irmão • As crianças e as exigências de adaptação ao mundo dos adultos • A loucura das festas de fim de ano nos jardins de infância • O estresse das crianças • O caso Rodrigo.

CAPÍTULO 10
Prazer das crianças, censura dos adultos
O controle natural dos esfíncteres e o autoritarismo dos adultos • O controle noturno dos esfíncteres • O caso Brígida • A sucção: prazer e sobrevivência • A água, essa doce sensação • Ao baleiro da esquina, com amor • Crianças, alimentação e natureza • Exigências e alternativas na hora de comer.

CAPÍTULO 11
Comportamentos familiares na hora de dormir
Transtornos do sono ou ignorância sobre o comportamento previsível do bebê humano? • A noite e os bebês de zero a dois anos • No compasso das opiniões • As crianças com mais de dois anos que acordam à noite • Procurase um separador emocional (para ler com o homem) • As crianças também querem dormir.

CAPÍTULO 12
Crianças violentas ou crianças violentadas?
Algumas reflexões sobre a violência: ao conhecimento de si mesmo • Violência ativa e violência passiva: um guia para profissionais • O caso Roxana • Crianças agressivas: reconhecendo a própria verdade • As crianças que provêm de famílias violentas • Crianças que sofreram abusos emocionais ou sexuais: abuso entre crianças • A negação salvadora: o caso Rubén e o caso Leticia • A visão profissional.

CAPÍTULO 13
As mulheres, a maternidade e o trabalho
Maternidade, dinheiro e sexualidade • A confusão de papéis nos trabalhos maternos • As instituições educacionais • Em busca do ser essencial feminino.

Fonte: Laura Gutman

segunda-feira, 3 de março de 2014

Comprovada presença de anticorpos contra o rotavírus no leite materno

Estudo inédito foi desenvolvido pela Universidade de São Paulo (USP) em parceria com o Instituto Butantã




É extensa a lista dos benefícios à saúde proporcionados pela amamentação, o leite materno é rico em nutrientes, vitaminas e agentes imunológicos e contribui para o desenvolvimento intelectual, psíquico e emocional do bebê. A prática é tão importante que o Ministério da Saúde preconiza o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida e a manutenção da amamentação até os dois anos de idade. Confirmando a importância da amamentação para a formação do sistema imunológico dos bebês, estudo desenvolvido pela Universidade de São Paulo (USP) em parceria com o Instituto Butantã identificou a presença de anticorpos contra o rotavírus no leite humano. Os resultados inéditos foram apresentados no 5º Congresso Brasileiro / 1º Congresso Iberoamericano de Bancos de Leite Humano, em Brasília.

" A análise do leite humano de mulheres não vacinadas contra o rotavírus identificou a presença de anticorpos no leite materno que podem proteger os bebês contra as doenças diarréicas provocadas pelo vírus" , resume a pediatra Virgínia Spinola Quintal, coordenadora do Banco de Leite Humano do Hospital Universitário da USP. Virgínia informa que o sorotipo do vírus estudado o rotavírus g9p é um dos sorotipos presentes na atual vacina disponibilizada pelo Ministério da Saúde e tem prevalência emergente no Brasil."

A quantificação dos níveis de anticorpos presentes no leite humano mostrou que a concentração de agentes imunoprotetores contra o rotavírus varia de mãe para mãe aspecto que ainda será esclarecido pelos pesquisadores. Virgínia explica que, como as mulheres têm concentrações diferentes de anticorpos, não é possível assegurar que, em todos os casos, a mãe transmitirá quantidade suficiente de anticorpos para proteger a criança. Por isso, a vacinação deve permanecer.

"O estudo sugere uma avaliação mais profunda do efeito protetor do aleitamento materno sobre a infecção pelo rotavírus, considerando a possibilidade de interferência da amamentação na resposta da criança à vacina. Os resultados desta investigação podem colaborar para a revisão da atual estratégia de vacinação contra o rotavírus" , a pesquisadora apresenta.

Atualmente, a vacina contra o rotavírus é administrada por via oral em duas doses, aos dois e aos quatro meses de vida. Não há associação com a amamentação porque o efeito protetor do leite humano contra o rotavírus ainda não era conhecido. "É preciso entender como os anticorpos do leite humano e os componentes da vacina interagem, para verificar se a proteção transmitida pela mãe pode neutralizar o efeito da vacina. O objetivo é propor novas estratégias de imunização contra o rotavírus, combinando amamentação e vacinação" , Virgínia adianta.

Os resultados comprovam a eficácia do aleitamento materno como estratégia para a redução da mortalidade infantil uma das metas dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU). As doenças diarréicas estão entre as principais causas de óbito entre crianças menores de cinco anos e a amamentação é internacionalmente reconhecida como estratégia eficaz para redução do problema.




O 5º Congresso Brasileiro / 1º Congresso Iberoamericano de Bancos de Leite Humano reunirá em Brasília representantes dos 23 países que compõem o Programa Iberoamericano da Bancos de Leite Humano (IberBLH), coordenado pela Fiocruz. O Brasil é pioneiro na área e concentra, em todo o país, 200 bancos de leite humano, que compõem a Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (RedeBLH). O impacto da iniciativa sobre a saúde pública é tão significativo que, em 2001, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu a RedeBLH como a ação que mais contribuiu para a redução da mortalidade infantil no mundo, na década de 1990.

Fonte: Isaude.net

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

A emoção de um parto caseiro por meio de uma série de fotos

Emoção registrada


Eu não sei realmente qual é a sensação de ter um filho e ser responsável por ele, apenas tenho uma pequena experiência por conta da minha irmã, porque desde a primeira vez que a vi, sabia da responsabilidade que teria com ela por ser o irmão mais velho. Deve ser uma sensação similar, mas de longe, ver um filho teu nascendo e vendo teu legado literalmente ganhando vida é algo no mínimo espetacular. E hoje trago para vocês uma série de fotos que fala exatamente disso.

Jackie Dives é uma doula, uma pessoa que é acompanhante de partos profissionais, eles que são responsáveis pelo conforto físico e emocional da parturiente durante o pré-parto, nascimento e pós-parto. Além deste trabalho, ela resolveu aliar isto à sua paixão pela fotografia, o que resultou em um trabalho fenomenal por capturar imagens que mostram toda a preparação da mãe, pai e família para a chegada do novo membro. São imagens que mexem e mostram de maneira pura e intensa esta preparação para o mais novo membro que irá chegar, a pequena Katherine:




O que mais curti das fotos, é que ele conseguiu captar cada momento com uma riqueza de detalhes tão naturais, a família emocionada, a mãe tocando piano, a irmã massageando emocionada, o marido falando só com o olhar e o olhar do bebê tão singelo. A vida é isso: feita de detalhes, muitas das vezes, tão simples.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Os direitos da gestante negados no momento do parto

Por Ramalhino
do ABCD Maior



Deborah Delage diz que autonomia da mulher sobre escolhas na gestação e no parto não é respeitada. Foto: Adonis Guerra

"Maioria das gestantes é levada a optar por cesariana sem que o procedimento seja necessário"

Deborah Delage é militante dos direitos da mulher no parto, causa muito atual no Brasil, país recordista mundial em cesarianas - 43% dos partos, de acordo com o Ministério da Saúde. A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que essa porcentagem não ultrapasse os 15%. Na rede médica privada, o percentual é maior ainda: cerca de 80% dos partos feitos por convênios ou particulares são cesarianas. Deborah é cirurgiã-dentista por formação e se especializou em saúde pública. Quando engravidou da primeira filha, descobriu que a mulher não tem autonomia sobre as escolhas na gestação e no parto. Ela concedeu a seguinte entrevista ao ABCD MAIOR:

ABCD MAIOR - Quais direitos são retirados da mulher na hora do parto?
DEBORAH DELAGE -
São muitos. No setor público, não se cumpre o direito ao acompanhante. Há exceções, mas na maior parte dos hospitais essa lei não é cumprida. Mas os direitos que são retirados geralmente não são sentidos pela mulher, porque já se formou uma cultura em que tudo é feito para beneficiar os procedimentos médicos, facilitar o trabalho da equipe, e muitas dessas intervenções agregam risco para a mãe e para o bebê. O remédio usado para induzir o parto, por exemplo, faz com que a gestante tenha dores fortíssimas, muito maiores dos que durante o trabalho de parto normal, e a gestante não é questionada se quer ter o trabalho de parto naturalmente ou não. Durante o trabalho de parto, a mulher é impedida de se movimentar, sendo que estudos apontam que ela se movimentar melhora as dores e estimula naturalmente o parto.

E por que é feito dessa maneira?
Porque esses procedimentos são mais práticos para a equipe envolvida no parto. No caso da cesária, por exemplo, são feitas em maior número não porque são mais caras, porque o médico ganha mais com elas, porque o parto natural é praticamente o mesmo valor, mas para o médico não é conveniente desmarcar um dia inteiro de consultas para acompanhar uma mulher em trabalho de parto um dia inteiro. Sem contar que o hospital lucra mais com a cesária: envolve mais profissionais, a mulher fica internada mais dias, tem o soro, a internação do bebê.

E na rede pública?
Na rede pública temos problemas como o quarto coletivo. A mulher fica numa maca, sem nenhuma privacidade, tem de ficar deitada o tempo todo, o que aumenta muito mais a dor. No caso dos hospitais-escola, muitas vezes estudantes examinam a gestante sem nenhum aviso prévio, e na sequência. Ou seja, vários alunos colocam o braço dentro da mulher sem o consentimento dela. Outro procedimento muito comum é a episiotomia, que é o corte feito na vagina. As gestantes acreditam que é feito para ajudar na retirada do bebê, quando na verdade é feito somente para ajudar na visualização do médico. Não é necessário e é contraindicado, porque rompe fibras na região da vagina e traz consequência na vida sexual da mulher. Isso é uma lesão corporal grave, que é feita também sem consentimento.

A sra. acredita que a mulher acha comum esse tipo de agressão?
Não há informação. Esses procedimentos são introduzidos de modo muito sutil. O médico não diz na primeira consulta que não vai acompanhar a gestante em um parto natural. Ao longo do pré-natal a mulher é induzida a acreditar que aquilo é o melhor para ela. A Fundação Perseu Abramo fez uma pesquisa com 4 mil mulheres listando vários procedimentos, e 25% delas reconheceram que sofreram algum tipo de agressão durante o parto. Há um conflito de interesses, em cuidar das pessoas e lucrar com o cuidado das pessoas. A mulher é levada a crer que não tem opção, e o que fazemos é mostrar que tem autonomia sobre a sua gestação. Propomos discussões onde a mulher tem de ser a protagonista desse processo, de maneira que ela seja amparada para poder fazer a melhor escolha.

O que é a maternidade ativa?
Maternidade e gestão ativa são aquelas em que a mulher pode optar pelo modo como quer que o seu parto aconteça, fazendo escolhas baseadas em evidências. É o resgate do protagonismo da mulher nas escolhas do ciclo de gestação. Também apoiamos mulheres em busca de respostas baseadas em evidências e boas práticas para tudo que se relaciona à saúde e o bem-estar da dupla mãe-bebê. Defendemos escolhas informadas por evidências científicas no parto, criação com apego, aleitamento exclusivo até seis meses de vida e prolongado até dois ou mais anos de idade, segundo recomendações da Organização Mundial de Saúde.

E o que são as escolhas baseadas em evidências?
É um conceito da década de 1980, na qual não se deve fazer escolha terapêutica sem que haja comprovada necessidade do uso dela como fundamental para o paciente, no caso a mãe. É por não fazer uso desse conceito que praticamente 100% dos partos na rede privada e 70% na rede pública são cesarianas. As mulheres são levadas a optar por uma cesariana sem que seja necessária para elas e para o bebê, mas por ser conveniente ao médico, ao hospital e a outros profissionais da saúde.

O que é o MaternaMente?
A ação concreta do grupo existe há três anos e meio. Faz aniversário de quatro anos em agosto. Somos um grupo de profissionais da saúde que debate e estimula para que as mulheres tenham uma maternidade ativa. Temos um blog onde divulgamos artigos, informativos, ideias, e mensalmente fazemos encontros para o debate. Nos juntamos também a outros movimentos de mulheres em palestras, passeatas, atos, e prestamos assessoria para a formulação de políticas públicas a partir dos debates.

Fonte: http://advivo.com.br/node/1316563